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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

"Como nós funcionamos?
Podemos entender isso?
Ou nosso corpo é limitado
o que nos limita, impedindo
que possamos enxergar além?
Abra as portas da percepção"

O que vem antes, sentimento ou palavra?
Amo todas as palavras, e isso indepentemente de sua classe ou significado; mas existe uma categoria de palavras que me atraem ainda mais: as palavras que descrevem sentimentos...Como ousa o homem - como sempre muito ganancioso e prepotente - tentar definir um sentimento, e, pior, sintetizar toda a carga social e pessoal contida nele através de um único vocábulo? Não se pode traduzir em palavras algo tão complexo como um sentimento; criar uma palavra dessas é, no mínimo, cair num simplismo empobrecedor. Tente descrever com palavras um elefante, ou um avião, qualquer objeto concreto. Você poderá comprovar que, caso o leitor não esteja plenamente familiarizado com o objeto descrito, será uma tarefa realmente árdua conseguir transmitir a idéia sem falhas ou defasagem. Realizado esse teste, tente imaginar o que aconteceria com a descrição de um sentimento. Como poderíamos reduzir um sentimento num resumo tão simplificado - um único vocábulo - a ponto de entendermos? As palavras, como a língua, é objeto da razão, da lógica, e, exatamente por esse motivo não pode ser usado adequadamente para descrever algo que está localizado antagonicamente, que é o campo dos instintos, como os o sentimento. Poderíamos, por exemplo, tentar realizar o contrário, tentando transformar uma palavra em um sentimento? Isso é bastante fácil de fazer, basta olhar para uma palavra - tanto no conceito de "significado" quanto no de "significante", falando em termos linguísticos apropriados - ou um objeto e tentar sintetizar ou inventar um sentimento que seja equivalente a ela. É muito fácil de atribuir um valor sentimental às coisas dessa maneira, mas eu diria que não seria nada simples para confirmarmos a eficácia e a acurácia da equivalência entre o sentimento e a palavra associada a ele. Essa prática também pode fazer alguns sentirem-se idiotas, ou pode fazer com que simplesmente não consiga levar aquilo adiante. Uma coisa subjetiva, que é o sentimento, não pode ser descrita de forma objetiva, através da linguagem. Sempre que o homem tenta nomear algo abstrato, acaba generalizando, rotulando sentimentos. A falta de precisão fez muitas vítimas, muitos mal entendidos; o homem sempre teve a necessidade de nomear as coisas - se isso é ou não uma característica inata poderá ser discutido em fórum posterior - por razões óbvias de cunho social e lnguístico; mas nomear algo concreto é fácil, algo que todos olharemos e enxergaremos a mesma coisa. Mas quando partimos para nomear as coisas abstratas, os problemas começam a surgir. As noções divergem devido a subjetividade e a experiência de cada um. Uma das primeiras noções abstratas de que o homem teve consciência desde o começo, ainda que não tivesse um nome, trataremos aqui dessa noção como "Deus". Até o momento que o homem vivenciava Deus sem tentar rotular-lhe com um nome, todos compartilhavam do mesmo sentimento, da mesma noção, como acontece até hoje com as várias e infinitas religiões, onde não importa, no fundo, muito qual o nome do Deus, e sim o que significa. Mas quando alguém resolveu, lá na Grécia antiga, colocar nomes nos Deuses que tinham, a discórdia tomou conta deles. Desde lá até hoje, a mera diferença vernácula entre Deuses como Alá e Jeová ou Jesus, acarreta o sangue de milhões de pessoas. Talvez nem todas as coisas devessem então ter nomes, pois a função da língua é facilitar o entendimento coletivo sobre alguma coisa, e, no caso das noções abstratas, como Deus ou o sentimento, essa função da língua não só não é cumprida como ainda tem efeito contrário.
"O melhor da palavra não é provocado pelas letras ou pela própria palavra, mas pela mente humana"
- Tuk Ron Breater (ano desconhecido)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Homenagem a um Mestre

Jóia podre e valiosa;
Imortal em verso e prosa;
Mestre na arte do amor...

Mente sã e vã loucura,
O lagarto, o senhor
Rei, viscosa textura;
Repartimos sua dor,
Inspirados no seu som,
Seu grito de ator,
Seu velho chapéu marrom,
O deserto em sua calma,
Nu, chora por sua alma"

Portas da Percepção

Mostre-me o caminho até a próxima parada,

Diga-me o quão importante ela é para você.

Fuja de todos os perigos iminentes na estrada,

Pois isso é o melhor que te ensinaram fazer.

Mostre-me o caminho para a loucura

Prove o quanto ela levou de sua lucidez,

O quanto ela fez de sua vida aventura,

O quanto te deixou em embriaguez.

Mostre-me o caminho para a garota perfeita,

Aquela que para sempre irá me acompanhar;

A garota mais esperta, cabeça-feita,

Que quando eu morrer se acabará em chorar.

Mostre-me o caminho para a percepção,

Que abra as portas da minha mente,

Traga respostas a um coração

Cansado de seguir em frente.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O fim do tempo dos sentidos (ou "64 bits de poesia")

Meu corpo se arrepia
Minha mente cruza um mar,
A noite verte-se em dia
Não existe um só lugar
Que descanse o honesto coração...(esforço-me em vão, chego até à exaustão)

Uma fantástica e lenta melodia
Que já cansaram de escutar,
Tomam-na por Monotonia,
Mas isso é o que te fazem pensar,
Membro da infinita corrente de alienação...(dê ao povo animação, precisam de distração)

Filhos todos de uma cria
Destinada a passar
A vida de melancolia,
tendo de se sujeitar
A viver sem ter razão...(maldita situação! irei pra prisão!)

Buda, Jesus, Maria,
Deus, Messias, Jeová,
Tudo a mesma porcaria
Diabo, Demônio, Alá,
Qual a diferença entre bíblia e alcorão? (guerra por religião ou pelo bem da nação?)

A cidade é uma fantasia
Que te ensinaram amar,
Harmônica correria
Que chamamos de lar...
Solitária e fétida aglomeração...(desço na próxima estação, sabe que horas são?)

São Paulo, meio-dia,
Hora de almoçar,
O menino barriga-vazia
Não queria hoje roubar
Mas aprende uma profissão...(ser ladrão garante o pão)

Seu cérebro definha em sua agonia
Não é nada que você vá notar,
Sua dose diária de lobotomia
Vai de internet ou televisão?(confira a programação! apenas nessa edição!)

Uma noite fria,
"Cuidado, vai se resfriar"
É o que minha mãe diria
Se pudesse agora olhar...
Se conselhos trouxessem solução...(vivo na solidão, não dou satisfação)

Os mestres e sua filosofia
Comprometeram a não filosofar,
Posaram para a fotografia,
Deixaram-se uma vez focar
Pelas lentes da falsificação...(idéias foram a leilão, voto sem participação)

Lembremo-nos de cada Sofia,
Cada oferenda posta ao altar,
Como entramos nessa via?
Como faço para voltar?
Qual motivo de tamanha perdição?(entramos na contra-mão, obra da hesitação)

Nosso pouco se extravia,
De repente vazio está!
Do centro à periferia
Nenhuma cena mudar
Onde está minha visão?(pago ouro e vem latão, maldade enganação)

Mergulhados na ideologia
O mercado "fast car"
Parafernalha e tecnologia
No mercado popular
"Onde paga a prestação?"(acabou o meu talão, aceita cartão?)

De prazer sua alma vicia
Se você a libertar
Se não gostam de poesia
Não me farão cantar
Para garantir meu pão!(não existe coação no caminho da retidão)